Ração suspensa pelo governo pode ter matado 42 cavalos em SP. Vídeo
Ao menos 13 cavalos morreram em Itu e 29 em Indaiatuba. O Ministério da Agricultura proibiu a venda da ração e está investigando o caso
atualizado
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O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) determinou o recolhimento e a proibição da venda de uma ração que pode ter provocado a morte de 42 cavalos no estado de São Paulo. Segundo apurado pelo Metrópoles, foram 29 equinos em Indaiatuba e 13 em Itu.
O ofício do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, publicado nessa quarta-feira (4/6), proibiu, de modo cautelar, o consumo da ração chamada Forrage Horse, da marca Nutratta Nutrição Animal, devido à constatação de indícios da presença de contaminantes que podem prejudicar a saúde animal.
O documento aponta que estão impedidas de serem consumidas todas as embalagens da ração fabricadas a partir de 8 de março deste ano.
O Mapa informou, por meio de nota, que tomou ciência das denúncias das mortes de cavalos em 29 de maio e, imediatamente, iniciou as investigações. Segundo a pasta, o recolhimento da ração já estava sendo realizado pela empresa e, a partir do ofício, foi determinado pela mesma.
O Ministério da Agricultura ressaltou que, além de cavalos, a ração também não deve ser fornecida a animais de outras espécies.
As ocorrências não se restringem a São Paulo. Há relatos de casos semelhantes e mortes já confirmadas em estados como Rio de Janeiro e Minas Gerais. Até o momento, o Mapa catalogou a morte de 63 cavalos no Brasil, provavelmente relacionadas ao consumo dessa ração. A pasta ainda investiga se todas estão efetivamente associadas ao produto.
O Metrópoles procurou o advogado Diêgo Vilela, que representa a Nutratta Nutrição Animal, para um posicionamento, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.
Morte de cavalos em Itu
Uma cocheira localizada em Itu, no interior paulista, registrou a morte de 13 de seus 75 cavalos, sendo que mais de 20 animais também ficaram doentes e estão em tratamento após terem ingerido a ração.
Fábio de Sá Duarte, que deixa os seus equinos na cocheira, contou ao Metrópoles que os animais começaram a apresentar comportamento estranho entre 11 e 18 de maio. Os cavalos não estavam comendo e andavam como se estivessem bêbados (veja abaixo), disse.
A primeira suspeita foi que os animais haviam sido envenenados. Segundo Fábio, três cavalos morreram em uma semana. Em 20 dias, o número chegou a 13.
Veja:
A equipe da cocheira em Itu começou a suspeitar da ração porque os cavalos pararam de comer e, ao entrarem em contato com outros ranchos, notaram que isso também estava acontecendo. Além disso, havia, na cocheira, equinos recém-chegados, que ainda estavam em período de adaptação e não foram alimentados pela comida. Nenhum dos animais que não comeu a ração ficou doente.
Os contaminantes encontrados na ração estão causando danos hepáticos e sistêmicos irreversíveis nos animais, o que está causando um abalo emocional muito grande para os criadores, que tratam os cavalos “como se fossem da família”, conta Fábio.
Os criadores que deixam seus cavalos na cocheira possuem três teorias sobre o que aconteceu: problema nas máquinas que produzem a ração, erro humano ou alguém fez isso de propósito.
Indaiatuba também registrou mortes
A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos e Meio Ambiente de Indaiatuba, no interior de São Paulo, realizou uma vistoria técnica no dia 19 de maio ao alojamento destinado à permanência de equinos instalada no município, após ter recebido a denúncia de 9 mortes no local.
Durante a inspeção, uma equipe técnica liderada pelo médico veterinário Adriano Mayoral, constatou que não haviam condições de insalubridade ou evidências de práticas que caracterizem maus-tratos. Até esta sexta-feira (6/6) o número de cavalos que morreu na cidade subiu para 29.